7 de fevereiro de 2008

Arquivando o tamborim

O 10o. lugar para a Mangueira tem apenas uma explicação: as notas baixas não foram para a escola, mas para o Tuchinha, o traficante que andou frevando pela quadra e virou parceiro do samba. A Mangueira pagou pelas más companhias.

Por falar em sambandido. Pode ser paranóia, mas levei um susto com o refrão do samba da Mocidade Independente:
"Minha Mocidade guerreira
Traz a igualdade, justiça e paz."
Igualdade, justiça e paz - nada contra, muito pelo contrário. O problema é que a seqüência é parecida demais com o lema do CV: "Paz, justiça e liberdade." Na dúvida, parei de cantar o refrão no sambódromo.

Diz a lenda que, antigamente, o Aniz/"Anísio" reclamava: investia uma grana no carnaval e tudo ia por água abaixo na hora em que o Jamelão cantava "Mangueira teu cenário é uma beleza." Pelo jeito, o Neguinho herdou o posto. Pelo carisma, pela simpatia, pela hoje rara fidelidade à escola. O "Olha a Beija-Flor aí, gente!" já é meio caminho andado.

Por falar em Neguinho: foi impressão minha ou a voz dele anda meio assim-assim? Durante o desfile, dava pra ouvir apenas o coro de puxadores. Tomara que seja algo passageiro ou apenas impressão minha.

Não vi, mas um amigo - torcedor da Beija-Flor - observou e contou: a grande Selminha Sorriso deixou a bandeira enrolar diante da cabine do último julgador. Mas não perdeu um décimo sequer.

A máquina de desfilar em que se transformou a Beija-Flor (a definição é de um amigo) reforça a diferença entre escolas de samba e blocos - nestes, dá pra brincar carnaval; naquelas, nada disso. O padrão Beija-Flor impõe um desfile ainda mais técnico do que os apresentados pela Imperatriz há alguns anos.

O Laíla, diretor de Carnaval e de Harmonia da Beija-Flor, é uma espécie de Bernardinho do samba. Quem já foi a um ensaio na quadra da escola sabe do que estou falando.