7 de março de 2008

Exportação de gente

O Itamaraty está certo ao partir para a retaliação no caso dos brasileiros barrados em Madri. É do jogo globalizado, um jogo esquisito que propõe a abertura de fronteiras para produtos e seu fechamento para seres humanos. Um jogo cruel e injusto, especialmente para países, como os das Américas, que receberam tantos e tantos italianos, portugueses, japoneses, alemães, espanhóis. Na época, eles é que precisavam sair de seus países em busca de uma vida melhor.
Mas, sei lá, dói o coração ver incontáveis brasileiros sendo obrigados a sair do país. É claro que o rigor nas fronteiras e nos aeroportos é diretamente proporcional ao aumento dos brazucas clandestinos no primeiro mundo (Ana Beatriz Marin publicou um post interessante em http://oglobo.globo.com/blogs/barcelona/). Lembro que há uns quatro anos li, em O Globo, a carta de um italiano escrita logo depois dele levar o neto ao aeroporto. O rapaz acabara de partir para a Europa, ia tentar a vida por lá. Fazia o percurso inverso do avô. A carta era triste, muito triste. Acho que cada um tem o direito de tentar a vida em qualquer lugar, por qualquer motivo. Mas dá pena ver tanta gente indo embora. Não gosto de ver o Brasil como exportador de gente: dentistas, putas, jogadores de futebol, cientistas, tanto faz. Era melhor quando recebíamos os imigrantes - sinal de que o sonho era viável por aqui.