28 de dezembro de 2007

"Seu" príncipe



D. Pedro Gastão, 94, o neto da princesa Isabel que morreu no dia 27 na Espanha, era uma figuraça. Nascido na França - a família real estava no exílio desde o golpe que proclamou a República -, ele morou muitos anos em Petrópolis num palácio, o Grão-Pará, anexo ao Museu Imperial. Adorava cavalgar pela cidade, onde era chamado de " 'seu' príncipe ". Estive com ele, creio, umas duas vezes, para entrevistas sobre a possibilidade do retorno da monarquia. Ele era engraçado, charmoso, irônico. Dizia que não gostava de revelar o nome do seu cavalo preferido - "Fardado". "Naum fica bem parra um prríncipe andarr porrr aí chicoteando um 'fardado'..." - justificava, com seu forte sotaque francês.

O sotaque e a idade fizeram com ele fosse afastado da campanha pela monarquia na época do plebiscito sobre forma e regime de governo, em 1993. Ele ficou chateado com sua exclusão - até porque, na época, andaram espalhando que a escravidão voltaria com a eventual vitória dos monarquistas. Para ele, nada melhor que um neto da princesa Isabel para garantir que o boato era completamente absurdo.

Grande contador de historias, só se referia ao rei Juan Carlos, da Espanha, como "meu sobrrrinho". Afinal, d. Pedro era casado com d. Esperanza de Bourbon, tia do rei. O saudoso e querido amigo Cláudio Lacerda contava uma ótima história do d. Pedro Gastão. Segundo ele, o príncipe soubera que uma professora de Petrópolis andava ressaltando em sala de aula o apetite sexual de seu trisavô, o imperador d. Pedro 1o. D. Pedro Gastão foi então à escola, conversou com a turma, com a professora, concordou que o antepassado era mesmo um grande conquistador. E concluiu:

- Só esperrro que a senhorrra naum tenha esquecido de dizer aos alunos que ele proclamou o independência de Brrasil...


Montanhas



Lagoa, 24/12/07.

O poente na espinha
Das tuas montanhas
Quase arromba a retina
De quem vê
("Carioca", Chico Buarque)
Foto do pôr-do-sol é um grande chavão (ainda mais depois de um post elogiando Roberto Carlos...). Mas a beleza do cenário justifica.