20 de janeiro de 2008

Jornada no Engenhão

Zé Carlos comemora seu gol, o primeiro do jogo de sábado passado. O Botafogo venceu por 2 a 0.

Se algum dia virar editor de Esportes vou baixar uma norma na redação: pelo menos um repórter escalado para cobrir um jogo vai entrar no estádio como torcedor. Ou seja: terá que comprar ingresso (pago pelo jornal, claro), encarar fila, roleta, ameaça de briga de torcida; e será obrigado a ver o jogo da arquibancada. Explico: as naturais facilidades oferecidas aos jornalistas credenciados acabam fazendo com ele não olhe para os bastidores do espetáculo. E é aí que o bicho pega.

Neste sábado fui com meus filhos ao Engenhão ver o Botafogo ganhar do Resende. De cara, uma boa surpresa, que não vi publicada no jornal (tive que, vergonha!, ligar para um assessor de imprensa do time para conferir): o estacionamento do estádio poderia ser utilizado mediante o pagamento de R$ 10,00. Vale a pena. O lugar é amplo, seguro, a administração foi terceirizada: mas faltou dar uma varrida ali. A quantidade de poeira no chão é assustadora, havia uma nuvem de pó flutando no ar: o carro ficou todo sujo. Coitados dos caras que ficaram horas ali, trabalhando, devem estar tossindo até agora.

A entrada no estádio foi tranqüila (chegamos mais de uma hora antes do jogo), mas... A diretoria do Fogão decidiu separar o estádio por setores, cobrando preços diferenciados. Boa idéia. O problema é que falou divulgar um detalhe: ao contrário do que ocorre nas arquibancadas do Maracanã, o torcedor teria, obrigatoriamente, que entrar no estádio pelo portão correspondente ao seu setor. Lá dentro, descobrimos depois, não havia como trocar de lado. Pior: as roletas aceitavam bilhetes independentemente do setor - assim, quem comprou ingresso para, digamos, o setor sul (mais barato), poderia passar seu ingresso pela roleta do oeste (mais caro). E vice-versa. É claro que deu confusão. Dentro do estádio, muitos tentavam trocar de setor e esbarravam nos seguranças que, coitados, não tinham autoridade para resolver o problema. Mas isso, tenho certeza, será resolvido pela diretoria do Botafogo - o Bebeto de Freitas é, de longe, o melhor dirigente do futebol carioca e seus planos para o Engenhão são muito bons (ele promete anunciar novidades nesta segunda).

Ah, uma questão mais grave: foram colocadas placas de publicidade numa lateral e atrás dos gols. OK, é preciso faturar. O problema é que as tais placas impedem a visão da bola de quem estiver sentado nas primeiras filas das arquibancadas. Por "primeiras filas" entenda-se, no barato, as dez primeiras - estava lá de torcedor, não parei para contar, apurar matéria. Mas sei que tive que ir subindo, subindo, subindo até conseguir uma cadeira que me permitisse ver todo o jogo. Quem estava abaixo de mim não viu o drible espetacular que o Jorge Henrique deu no zagueiro do Resende e que resultou no segundo gol do Botafogo. É preciso encontrar uma solução melhor, talvez colocar as placas num local mais longe do campo - por que não naquela faixa até hoje ocupada pelos já anacrônicos símbolos do PAN? O torcedor que pagou o ingresso tem direito de ver o jogo todo.

Bem, no mais, o Castillo tem jeito de ser um goleiro sério e o Ferrero jogou por dois: por ele e pelo Renato Silva, o zagueiro que fumou a maconha mais potente do mundo. Até hoje parece jogar sob o efeito da dita cuja. O Triguinho esteve bem. O Zé Carlos e o Wellington Paulista fizeram gols na estréia oficial, e isso é muito bom.