28 de fevereiro de 2008

Horário da lua

Mudando de assunto: o release da Prefeitura do Rio já é meio velhinho, mas vale reproduzi-lo aqui. Trata da programação do Planetário para o eclipse ocorrido agora, em fevereiro. Na pressa, o coleguinha que o redigiu, escorregou ao acentuar a palavra "nu" - isso passa. O mais curioso é o horário em que, segundo o comunicado, o eclipse atingiria seu ápice: 24h46 - ou catorze minutos para as vinte e cinco horas. O tal do eclipse mexeu tanto com o nosso planeta que acabou gerando um dia de 25 horas. O pior é que o release - que pode ser lido em http://www.rio.rj.gov.br/pcrj/verao2008/ - foi reproduzido em vários sites, com o tal horário de 24h46. É só fazer uma busca no Google.

Planetário distribui senhas para ver eclipse total da lua na quarta-feira

Depois de amanhã, quarta-feira, o eclipse total da lua poderá ser acompanhado pelos interessados, no Planetário da Cidade, na Gávea, que distribuirá gratuitamente 260 senhas aos vistantes a partir das 22h.

O início do eclipse, que também poderá ser visto a olho nú, está previsto para 22h43 e atingirá seu ápice à
(ôps!) 24h26, terminando às 2h09 da madrugada de quinta-feira.

Com sede na Rua Vice-Governador Rubens Berardo, 100, a Fundação Planetário do Rio de Janeiro dispõe de quatro telescópios modernos em cúpulas de observação com aberturas em forma de fenda que podem localizar até 64 mil objetos no céu. Mais informações podem ser obtifdas pelao telefone 2274-0046.

Postado em 18 de fevereiro de 2008.

O gesto do Souza e o ministro do Chico

A nova letra que a torcida do Flamengo fez para a "Ninguém cala..." é, admito, engraçada. Melhor isso do que dizer que vai matar, trucidar. Sacanear a torcida adversária faz parte do jogo, da brincadeira - assim como reclamar do juiz. A sátira lembra aquela outra, sobre o pior ataque do mundo, feita há tempos pela torcida do Vasco.
Mas fiquei preocupado quando, ontem à noite, vi pela internet que o Souza fingiu que chorava ao comemorar o gol que fez contra o tal do Cienciano. Uma outra ironia com a reação dos jogadores, técnico e presidente do Botafogo depois do jogo de domingo. Torcida é torcida, mas o Souza... O cara volta e meia comemora gols fazendo, com as mãos, o gesto de quem dispara uma arma - negócio meio complicado pra quem vive numa cidade violenta como a nossa. Soube há pouco, por um amigo flamenguista, que volta e meia o mesmo jogador faz outro gesto, cruza os punhos cerrados sobre a cabeça - algo que remeteria para um outro tipo de organização, daquelas que disputam territórios em morros cariocas. Céus!
No domingo, o Souza começou toda aquela desnecessária confusão depois do primeiro gol do Flamengo - o empate não era bom pro Botafogo, não haveria porque seus jogadores retardarem o reinício da partida. O Souza não precisava ir lá disputar a bola com o Castillo. Agora, o sujeito sacaneia todo o Botafogo - jogadores, dirigentes, técnicos e, mesmo, torcedores. Sacaneia colegas de trabalho, incita a torcida, acirra ânimos. Espero que isso não renda mais confusão. Mas, do jeito que as coisas andam - lembremos que um torcedor do Botafogo foi morto depois do jogo de domingo -, tende a dar merda. Faltou à diretoria do Flamengo um diretor do "Vai dar merda", um equivalente clubístico ao ministério que o Chico Buarque sugeriu ao governo federal. Alguém que, há algum tempo, tivesse dado uma bronca no Souza. O problema é que, de um modo geral, dirigente adora qualquer gesto que o identifique com a torcida. Mesmo que isso causa problemas lá na frente, que coloque ainda mais em risco a vida dos que se dispõem a ver jogos no Maracanã.
Acho que os dirigentes do Botafogo e do Flamengo poderiam tentar dar um jeito de diminuir esta tensão, os dois times vão se enfrentar em breve, na disputa pela Taça Rio. O Botafogo reclamou do juiz, mas sequer insinuou participação da diretoria do Flamengo numa suposta armação - isso abre caminho para um entendimento. Repito o que já andei dizendo em comentários anteriores: muitos e muitos torcedores deixam de ir ao Maracanã quando seus times enfrentam o Flamengo. Não por medo de perder, mas por medo de apanhar. A torcida do Flamengo não detém o monopólio da estupidez nem da violência (nisso, todas as organizadas tradicionais se equivalem), mas, por ser muito maior que as outras, tem exercitado mais essas, digamos, características. Enfim, cabe aos dirigentes - e também a nós, jornalistas - contribuírem para segurar as pontas. A irresponsabilidade de um jogador não pode colaborar para o aumento de uma já assustadora violência nos estádios e em volta deles.