De tédio é que jornalista não morre aqui no Rio. Na semana passada eu estava na entrada da ilha do Fundão entrevistando uma baleada no réveillon de Copacabana quando um sujeito passou por mim e avisou que uns duzentos metros ali na frente, na entrada do campus da UFRJ, um homem havia sido atropelado - e o socorro estava demorando a chegar. Terminada a entrevista, passamos por lá, a ambulância estava recolhendo a vítima, ainda deu pra fazer algumas imagens. Logo depois seguimos para a praia de Copacabana, para completar a matéria sobre os tiros que mancharam a virada do ano na cidade. Por volta das 21h, estávamos na areia, ao lado do palco dos shows, quando passou um casal vindo da direção do mar: a mulher chorava, queria encontrar um PM; eles, turistas vindos de Juiz de Fora, tinham acabado de ser assaltados. Saí da redação para fazer uma reportagem, esbarrei em outras duas.
Ontem fui fazer matéria sobre uma bala que, perdida, achou por bem cair num apartamento no Alto Leblon. Enquanto estava lá, soube de outra notícia: uma segunda bala sem direção tinha quebrado a janela de um apartamento em Copacabana. A reportagem ganhou importância, seria sobre duas balas perdidas na zona sul do Rio. Corremos pra lá. No caminho, já em Copa, tropeçamos em outro fato. Paramos o carro para perguntar a um guarda municipal a localização da rua em que ficava o prédio atingido pelo tiro. Mas antes mesmo de fazermos qualquer pergunta, o guarda olhou o carro de reportagem e foi avisando: "É na Ronald de Carvalho!" Como assim? Nosso destino era outro: "O senhor sabe onde fica a rua tal?" Ele sabia. Em seguida, perguntamos o que tinha acontecido na Ronald de Carvalho. "Tá cheio de polícia lá, invadiram um frigorífico que tem carne roubada, uma confusão danada. É bom vocês irem até lá", aconselhou. A história não era bem essa, mas havia mesmo outra notícia esperando para ser reportada.
Pra não dizer que só falei do Rio: na semana passada li, na coluna do José Sarney, na Folha, uma informação que não li, vi ou ouvi em nenhum outro lugar: segundo o ex-presidente, 34 pessoas foram mortas na passagem do ano em Salvador. Por que isso não foi noticiado nacionalmente, hein? Será que o repórter Sarney errou?
9 de janeiro de 2008
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