23 de março de 2008

A língua de George 2

Um amigo, rápido no pensamento e no teclado, fez uma observação importante (ver comentário no post anterior). Nem todo mundo que tem/porta/vive o/com o HIV tem a doença aids. Nesse caso, ele argumenta com razão, não é absurdo dizer que a pessoa "vive com o HIV" - ou seja a pessoa não é doente, apenas tem/porta um vírus que pode causá-la. OK, mas existe também a expressão "vivendo com HIV/Aids" - que pressupõe a existência da doença. Não se diz que a pessoa "tem Aids". Mas, ao mesmo tempo, ninguém diz que fulano "vive com câncer", mas que ele "tem câncer". Como também é mais comum se dizer que a pessoa é diabética ou tem diabetes.
Cada um que escolha a melhor forma de nominar sua condição de vida: a aids trouxe, além da doença, uma série de preconceitos que ainda precisam ser combatidos. A minha dúvida é se o recurso a palavras supostamente menos agressivas também não contribui para - num efeito oposto ao desejado - aumentar o preconceito. E, um último comentário: acho redundante falar que a pessoa está "vivendo com HIV/Aids" - afinal, ela está viva.

Nenhum comentário: