21 de agosto de 2006

Heil Riverside!

"Lugar de brasileiro é na favela", "Escória", "Fora latinos". As frases foram exibidas ontem por cidadãos norte-americanos durante um protesto em Riverside, uma cidadezinha de 8.500 habitantes que fica a 170 km de Nova York. Lá, informa a "Folha" de hoje, desde 26 de julho é crime dar emprego a imigrantes ilegais - só de brasileiros, havia uns 2 mil por lá. As ofensas doem, nos machucam. Não estávamos acostumados a esse tipo de tratamento - também não estávamos acostumados a exportar gente, antigamente éramos importadores de mão-de-obra, destino de muitos sonhos. Hoje exportamos jogadores de futebol, putas, travestis, doutores e trabalhadores braçais - o paraíso fica longe daqui.
Deixando um pouco de lado nossas mazelas, não deixa de ser chocante como a humanidade não aprende, como a idiotice nos fascina. Milicianos de Riverside - a boa e pacata gente de Riverside, alguma rádio local deve falar isso -, catam brazucas nas ruas, armados de espingardas e bastões de beisebol. Lembra um pouco a porradaria contra os negros, há alguns anos, lá mesmo nos EUA, não? Lembra também - por que não? - a perseguição a judeus, homossexuais, ciganos durante o nazismo. Talvez no lugar da estrela amarela e do triângulo rosa nossos patrícios tenham que andar com um distintivo em forma de tamborim nas ruas destas cidadezinhas dos Estados Unidos.

15 de agosto de 2006

Criminalidade

O presidente Lula daria uma boa demonstração de combate ao crime se escolhesse melhor com quem sai nas fotos. Essa que saiu na capa do Globo de hoje, meu Deus. O Márcio Thomaz Bastos tá com cara de quem quer gritar "Teje preso" para um de seus companheiros de mesa. Grita, ministro, grita.

11 de agosto de 2006

Ato falho

Gol anulado

João Bosco/Aldir Blanc


Quando você gritou mengo
no segundo gol do Zico
tirei sem pensar o cinto
e bati até cansar.
Três anos vivendo juntos
e eu sempre disse contente:
minha preta é uma rainha
porque não teme o batente,
se garante na cozinha
e ainda é Vasco doente.
Daquele gol até hoje
o meu rádio está desligado
como se irradiasse
o silêncio do amor terminado.
Eu aprendi que a alegria
de quem está apaixonado
é como a falsa euforia
de um gol anulado.

Resumo

Luiz Inácio admitiu:

1. seu governo combateu a ética;

2. os salários caíram;

3. o, como diria o Ivan Lessa, Bananão é grande pacas.

(Contava-se, antigamente, uma piada sobre o Costa e Silva, aquele do AI-5 e que tinha fama de ser pouco astuto. Certa vez ele estava num avião, sobrevoando o território nacional. Alguém então disse: "Presidente, estamos a nove mil metros de altura". Impressionado, o general comentou: "Sabia que o Brasil era grande, mas não sabia que era tão alto".)

7 de agosto de 2006

Sempre free

Free shop na entrada é coisa nossa. Quase exclusivamente nossa. De um modo geral, as lojas duty free ficam na saída de um país, na hora em que o sujeito vai embora. Mas, enfim, somos originais e benevolentes na hora de dar vantagens a quem já tem vantagens. Quem, por alguma razão, consegue viajar para o exterior, merece um carinho extra, o direito de comprar produtos essenciais como bebidas e comésticos sem pagar impostos. Além dos 500 dólares em compras que pode trazer do exterior, o viajante pode gastar outros 500 ao chegar. O privilégio justificado: dizia-se que era uma maneira de segurar por aqui os dólares que iriam para o exterior. Depois, os caras passaram a aceitar cartões de crédito, dólares apenas virtuais. Agora o real passará a ser aceito e ninguém deu desculpa nenhuma. No fundo, a desculpa é a de sempre: manter o privilégio de quem sempre foi privilegiado. Free, sempre free.