26 de fevereiro de 2008

Chororô rubro-negro (pra não dizer que só nosostros reclamamos - e pra encerrar logo esse assunto)

1. 09/05/07
Renato: 'Esse juiz é uma m...'
Autor de dois gols, camisa 11 reclama da atuação do árbitro argentino no Maracanã


Márcio Iannacca - Do GLOBOESPORTE.COM, no Rio de Janeiro

O meia Renato, autor de dois gols na vitória do Flamengo por 2 a 0 sobre o Defensor, do Uruguai, pela Taça Libertadores, reclamou da atuação do árbitro argentino Héctor Baldassi. De acordo com o jogador, o juiz deixou de marcar algumas faltas e foi conivente com os atletas do time uruguaio, que retardavam o jogo a todo momento.No fim da partida, Renato correu em direção ao árbitro para reclamar de sua atuação. Contido pelos companheiros, o jogador desabafou:
- O time ficou 90 minutos em cima deles. Jogamos em cima e o nosso time se arriscou o tempo todo. O juiz amarrou o jogo. Esse juiz é uma m... - esbraveja Renato.


2. 10/05/2007 -

Resultado serve para o Boca, diz Kléber
Dirigente xinga árbitro e diz que vai perseguir o argentino até o fim de sua vida


Márcio Iannacca - Do GLOBOESPORTE.COM, no Rio de Janeiro

O vice-presidente de futebol do Flamengo, Kléber Leite, estava revoltado com a atuação do árbitro argentino Héctor Baldassi. O dirigente insinuou que o juiz conduziu a partida para que o Rubro-negro fosse eliminado e, no futuro, não cruzasse com o Boca Juniors. As duas equipes poderiam se enfrentar na semifinal da Taça Libertadores.
- Não sei se vai valer alguma coisa, mas quero que todos saibam o que esse juiz fez aqui. Ele é um ladrão, safado. O Boca Juniors tinha interesse nessa partida. Tenho um bom relacionamento com o pessoal da Conmebol e vamos fazer uma reclamação por escrito - diz Kléber.
O dirigente foi além e afirmou que vai perseguir Baldassi pelo resto da vida.

- Ele vai me aturar pelo resto de sua vida. Ele ganhou um inimigo na vida. Vou atrás dele até o fim - ameaça o dirigente rubro-negro
.


3. "Nós fomos vítimas de um ladravaz"

A frase é de Kléber Leite, vice-presidente do Flamengo, em entrevista também a Juca Kfouri. Ele se refere ao árbitro argentino da partida entre Flamengo e Defensor, pelas oitavas de final da Copa Libertadores. "Eu não tenho dúvida de que esse árbitro argentino veio ao Rio de Janeiro para armar o resultado"..."e beneficiar o Boca Juniors".Kléber afirma que o juíz fez o resultado do jogo e não admite a possibilidade de simples erros. Segundo ele, "há erros e erros, como o da nossa bandeirinha belíssima que se equivocou em dois lances dificílimos. Há outros que se equivocam também, até porque com essa tecnologia de hoje fica difícil competir".

10 comentários:

Anônimo disse...

Mestre Molica, perfeita a pesquisa. Mas cá entre nós... será que vale a pena desafinar o coro dos contentes, dessa turma que consegue brigar até contra o óbvio ululante? Coleguinhas rubro-negros repetem à exaustão coisas que brigam com a lógica, e, como naquele método que deu certo durante boa parte da Segunda Guerra, a falta de lógica (ou a mentira) acaba virando uma verdade. Bem, acho que eu mesmo respondo à pergunta lá de cima: vale a pena brigar contra o monopólio da distorção sim. No mínimo a gente faz a nossa parte. É uma guerra de guerrilha - e vai que um dia dá certo e a gente volta a ter um futebol como nos velhos tempos, e não essa enganação que temos visto por aí.

Fernando Molica disse...

O que me assusta é o tom de unanimidade, já detectado por um amigo tricolor. Fico com medo dessas avalanches, manifestações de pensamento único: principalmente quando isso é puxado pelos que formam a maioria. Maioria na torcida, maioria também entre os nossos queridos coleguinhas. Acho que isso também tem colaborado para a diminuição da presença das outras torcidas no Maracanã. Assim, no olhômetro, detecto que o predomínio de torcedores rubro-negros em clássicos não era tão gritante. Conheço muita gente que não vai ao Maraca em jogos contra o Flamengo. Não vai por medo - não da derrota, mas por medo de sofrer agressões. Claro que a violência não é privilégio dos rubro-negros - o grau de idiotice das outras organizadas é o mesmo. Mas todos começam a temer a imensa maioria, que cada vez mais se fortalece e se torna hegemônica. É preciso ter cuidado ao se encher a bola de uma torcida, de qualquer torcida. Acho que precisamos defender a diversidade no futebol carioca. Pra começar, a Federação poderia convidar árbitros de fora do Rio para as finais do Carioca.

Marcelo Moutinho disse...

Ô Molica, pode dizer que o tricolor sou eu! rs

Fernando Molica disse...

O Marcelo, o tal amigo tricolor, é o Moutinho...

Anônimo disse...

Mestre Molica, permita-me voltar ao assunto, porque você tocou num ponto que é emblemático, e não só no caso do futebol (e tudo o que dele decorre) que se pratica no Rio: a assustadora avalanche de manifestações do pensamento único. Há uma palavrinha que bem define isso, mas vamos deixá-la só subtendendida aqui. E tratar apenas do seu emprego no futebol. Na França, esse fenômeno (lá, no caso, editorial)foi batizado de "novos cães de guerra". Cito Luiz Nacif: "A montagem de grupos de autopromoção, com um exercício tão ostensivo de agressividade gratuita (contra os de fora) e de lisonja (para os poderosos), de autopromoção escandalosa (...)". Dessa maneira, criticar vira "choro de perdedor"; desafinar o coro dos contentes é sinal de derrotismo. Amplie isso para a política, a cultura, a economia - e teremos uma boa explicação para os tempos escrotos que vivemos, sob o monopólio do pensamento direitista (no sentido do que de mais abjeto isso possa representar). Ao menor sinal de discordância, de tentativa de ver o outro lado de determinados fatos, os cães de guarda do pensamento único caem em cima dos discordantes. E os cães de guarda ficam a martelar sofismas como mantras, de uma forma tão intensa que - como ensina aquela palavrinha que está aqui subentendida, e que fez muito sucesso até boa parte da Segunda Guerra - tais sofismas, inverdades e inversões acabam aparecendo ser verdadeiros. Nós que conhecemos por dentro o poder da informação não podemos aceitar isso. Viva o choro, viva a indignação. Ah, e foi roubado sim.

Anônimo disse...

Perdão. Luis Nassif. Registre-se a correção.

Diego Moreira disse...

Molica, prazer escrever pra você aqui. Eu, rubro-negro, creio que o Flamengo perdeu o jogo em Montevidéu. Assisti na TV a patética apresentação do meu time contra o Defensor, que com um grupo horroroso em campo, dobrou e pôs no bolso o Flamengo.

Como bom torcedor, fui ao maraca torcer pela virada. E de todas as vezes que estive no maior do mundo, nunca vi um homem com um apito fazer tanta diferença e campo como o tal argentino. Sem o chororô do Renato atômico e do Kleber Leite. Perdemos a vaga pela incompetência fora de casa.

Mas, no jogo do maraca, quem mandou foi o homem de preto.

Abraços.

Fernando Molica disse...

Caríssimo Tartaglia: a tal palavrinha seria aquela que começa com "f"? Aquela que tem origem semântica em feixe de varas? E que batizou um movimento político que prega uma lógica de superioridade, de união absoluta, que rejeita o que lhe é estranho? Que classifica de fracos os que não compactuam com seus valores/crenças? Pois. Concordo, ainda que - tenho certeza - isso não esteja sendo gerado de maneira consciente, pensada. Mas acho que é preciso se pensar um pouco neste ôba-ôba. O Moutinho fez ontem, no blog do Marceu, uma boa reflexão sobre isso. Insisto: é preocupante o número de torcedores que evita ir ao Maraca em dias de jogos do Flamengo.

Fernando Molica disse...

O prazer é meu, Diego. Não vi o jogo contra o time uruguaio, mas não duvido que o tal juiz tenha roubado o Flamengo. Só fiz o post/provocação pra frisar que rubro-negros também reclamam de juiz, também recorrem ao tal do chororô. Reclamar da arbitragem faz parte do futebol, a chiadeira de hoje pode dificultar a roubalheira de amanhã.
Mas estamos também reclamando - eu, o Tartaglia, o Moutinho - de um rolo compressor que procura impedir o direito de reclamar, que apela pro constrangimento e, pior, procura desqualificar argumentos. Enfim, o importante é manter viva a possibilidade do diálogo e da reclamação. Apareça, abraços.

Sergei Kostof disse...

Tá na hora dessa moçada alvinegra de valor enxugar as lágrimas e dar a volta por cima. Parar com essa bobagem religiosa de achar que ser botafoguense é uma missão na terra contra a injustiça e opressão da maioria.
O Botafogo tem a missão de jogar futebol, ganhar, perder, encantar, frustrar. Sacanear quando vence e ser sacaneado quando perde. É essa a essência dessa bobagem seríissima que é o futebol. É por isso que o Flamengo tem mais torcedores. Eles se divertem mais com o jogo, ganham mais e sofrem menos.
Só essa Taça GB que voces tanto choram foram 18 para a Gávea.
Vão namorar suas costelas e parar de chorar no ombro um dos outros.
"E ninguém cala, esse chororô, chora o presidente, chora o time todo, chora o torcedor"!